segunda-feira, 11 de abril de 2011

Caos na Segurança Pública em Itambé

Ausência de investimentos e acúmulo de problemas no setor contribuem para que os cidadãos fiquem expostos à criminalidade

Delegacia interditada, efetivo da policia civil insuficiente para o adequado atendimento à comunidade, carros locados servindo de viaturas da PM, assaltos à mão armada em estabelecimentos comerciais, arrombamentos e estupros. Essa é a situação caótica em que se encontra o pequeno município de Itambé, situado na região sudoeste  da Bahia,  na área da segurança.

Espaço interno de uma das celas da carceragem da delegacia



Em março de 2009, acatando um pedido do Ministério Público, - manifestado por meio de uma ação civil pública -, a justiça determinou a imediata interdição da delegacia de policia de Itambé. No documento, o promotor do município, Dr. Antônio José Gomes Francisco júnior relatou que o prédio – de mais de 40 anos – não tinha condições alguma para custodiar presos, realizar atividades típicas de investigação nem sequer atender a comunidade itambeense. 

De acordo com o promotor, a medida tomada na época foi extrema e cautelosa, já que em um determinado momento a estrutura física da delegacia começou a dar sinais de que iria desabar. “Quando vimos que essa estrutura poderia causar uma tragédia dentro da delegacia, nós fizemos um estudo apurado; solicitamos pericias de engenheiros. Vimos que não havia a menor condição de permanecer o funcionamento da delegacia, sob pena de colocarmos em risco a vida das pessoas que se encontravam principalmente nas celas”, afirmou.

Uma das salas da delegacia
A realidade dois anos depois é praticamente a mesma. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-Ba), responsável pelas delegacias, não realizou qualquer tipo de intervenção no local. A carceragem permanece interditada. Os presos foram e continuam sendo mandados para a 20ª Companhia de Policia de Itapetinga, cuja superlotação tem provocado fugas em massa, a exemplo do que aconteceu no dia 09 de março. As grades das celas estão corroídas pela ferrugem. Durante o período chuvoso, os alojamentos dos funcionários, construídos juntamente com outros dois anexos através de um convênio firmado entre o governo do estado e a prefeitura em 2002, ficam impróprios para uso. A sala, que deveria ser utilizada pela assessoria de comunicação, virou um deposito de lixo e entulho. Carros apreendidos, vistos no fundo da delegacia, ao lado de uma viatura velha, podem estar abrigando ao mosquito transmissor da dengue.

viatura estacionada nos fundos da delegacia

Atualmente, a delegacia está aberta apenas para o registro de boletim de ocorrências e investigações, atividades desempenhadas, devido à precariedade, a custa de muita força de vontade. Um funcionário, que não quis se identificar, conta que não há meios disponíveis para a realização de um bom trabalho. Ele diz que falta armamento e aparato tecnológico para uso do serviço de investigação.

Falta também recursos humanos. Dois policiais civis e dois escrivães compõem a equipe do delegado Dr. Darcy Cardoso, que além de Itambé, atua em Ribeirão do Largo. Dois carros, um Ford Ranger 4 X 4 e uma Blazer – enviada recentemente pelo estado -, os auxiliam na tentativa da resolução dos casos.

 Dados obtidos na própria delegacia mostram que somente no mês passado foram registrados 20 furtos, 5 assaltos e 1 estupro. Em se tratando de uma cidade do porte de Itambé, os números apresentados são considerados expressivos.

Em janeiro deste ano uma ocorrência chamou a atenção dos populares, por ter como vitima, justamente, uma empresa do governo da Bahia. A Cesta do Povo, em Itambé, foi assaltada. Na oportunidade, dois rapazes, um com uma arma de fogo em punho e outro com uma faca, abordaram os atendentes de caixa e causaram um pequeno tumulto. Foram levados 2.000 reais do estabelecimento e poucos trocados dos clientes. “Até hoje não se tem notícia dos culpados”, informou Gilberto Leite, gerente local da Cesta.

O frágil sistema de segurança em Itambé faz com que cenas como essas tendem a se tornar comuns. O abandono e falta de investimentos, verificado dentro da policia civil, é também encarado pela militar, e percebidos pelos cidadãos. A viatura da PM, que deveria estar nas ruas, nas buscas por delinquentes, há meses está parada em Itapetinga, quebrada. Teoricamente, as duas policias deveriam ter os seus anseios mínimos supridos pelo governo do estado.

Representantes das policias civil e militar e da Prefeitura, cientes das consequências advindas com o caos na segurança pública de Itambé, vem cumprindo as funções que lhe cabem. Dr. Darcy Cardoso conta que, desde que assumiu o cargo há um ano e meio, cobra da Secretaria de Segurança Pública do estado uma solução para a questão da delegacia do município. Segundo ele, a SSP-Ba já tem um projeto para a reforma - orçado em 300.000 reais -, sendo que as obras iniciariam em março. Estamos em abril e até agora nada. O delegado não soube informar se o governo do estado estipulou uma nova data.

O major Marcelo Dantas, comandante da 8ª Companhia Independente da PM - Itapetinga, composta por nove cidades da região, dentre elas Itambé, salientou que, em breve, a viatura, consertada, voltará a fazer o policiamento ostensivo. Quanto à substituição por uma nova, ele destacou que o governo tem feito uma troca gradativa dos veículos, mas que não sabia ao certo quando Itambé seria beneficiada.

Enquanto o governo do estado não equaciona o caos da segurança pública instalado em Itambé, cidadãos de bem continuarão reféns da criminalidade crescente, que há muito tempo deixou de ser um termo de uso frequente somente nos grandes centros urbanos.
Itambeagora

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